A Rua do Príncipe, no Centro, é o coração do comércio popular de Joinville. Em toda sua extensão (pouco mais de um quilômetro), lojas vendem de tudo, de roupas a joias, móveis a acessórios para celular. Muitas delas estão instaladas em prédios que guardam nas paredes a história da cidade.
Chamada antigamente de Ziegeleistrasse (Rua da Olaria), a via foi berço para o surgimento de diferentes e importantes empresas do município. A proposta da “Trilha do Patrimônio Histórico de Joinville”, um roteiro elaborado pelo Sebrae, é que visitantes e moradores conheçam e contemplem a história da cidade por meio de seus prédios históricos.
O roteiro é uma caminhada de 1,2 quilômetro, com paradas em dez edifícios de diferentes arquiteturas e épocas, a grande maioria deles tombado como patrimônio. Um audioguia, que pode ser ouvido no Spotify (em português, inglês e espanhol), contextualiza a história de cada um deles.
Para você se ambientar, conheça a seguir os prédios que fazem parte do roteiro e, ao final, o mapa de localização de cada um deles. Pela Rua do Príncipe, pare, repare e contemple a história guardada nos edifícios que atravessaram os tempos.
Palacete Niemeyer

Situada na Rua Luiz Niemeyer, bem de frente com a Rua do Príncipe, o palacete cheio de ornamentos é uma construção de 1906 e serviu como moradia da família Niemeyer, que esteve à frente da direção da colônia Dona Francisca, hoje Joinville, no século 19.
Além dos ornamentos da construção, que a caracterizam como um estilo eclético, no lado esquerdo da fachada do sobrado há um torreão (uma torre larga), que se repete em outros prédios históricos da cidade. Em contraste absoluto, ao lado do palacete fica um prédio alto, envidraçado e moderno do Banco do Brasil. O ontem e o hoje sendo vizinhos próximos.
Edifício Eugênio Lepper

A esquina entre a Rua do Príncipe e a Rua Princesa Izabel é um ponto comercial histórico para Joinville. O prédio atual é da década de 1920 e abrigou por muitos anos a Casa de Ferragens e Representações, de Affonso Hermann Lepper.
Antes disso, o local havia sido uma casa comercial de secos e molhados, cujo proprietário era um empresário e político dos mais influentes da colônia Dona Francisca: Hermann August Lepper, que dá nome a outra rua joinvilense e fundador da Cia Fabril Lepper.
Affonso era filho de Hermann e ficou com o comércio na repartição da herança. Nas décadas de 40, 50 e 60 também funcionava no prédio a rodoviária de Joinville, que obviamente não tinha o movimento de passageiros que tem atualmente. O edifício permanece com sua vocação comercial, abrigando várias lojas no Centro da cidade.
Antiga Farmácia Delitsch

O casarão de paredes amarelas, rico em ornamentos brancos, na esquina entre a Rua do Príncipe e a Rua XV de Novembro que abriga uma grande loja, foi no passado uma importante farmácia de Joinville. O prédio foi construído em 1910 por Hugo Delitsch, filho de pai de mesmo nome e farmacêutico alemão que chegou à colônia em 1859.
A família Delitsch manteve a farmácia até 1936. Desde então, o casarão já abriu do Instituto do Mate a Lojas Salfer e continua sendo importante ponto comercial da cidade.
Antigo Banco Inco

No cruzamento da Rua do Príncipe com a Rua 9 de Março está um prédio imponente, com fachada arredondada e grandes colunas, cuja arquitetura transmitia imponência, solidez e segurança para os bancos que sediou.
A construção é de 1930 e abrigou o Banco Agrícola e Comercial de Blumenau, mais tarde incorporado pelo Banco da Indústria e Comércio de Santa Catarina (INCO), e também o Banco do Estado do Paraná. Atualmente, é casa de uma grande loja de sapatos.
Palacete Schlemm

O Palacete Schlemm é um dos mais imponentes prédios do século 20 de Joinville. Construído em estilo eclético, ele chama atenção pelo seu tamanho. O edifício ocupa a esquina da Rua do Príncipe com a Rua Jerônimo Coelho. Sua fachada, ricamente ornamentada, conta inclusive com máscaras de deuses mitológicos, esculpidas pelo artista alemão Fritz Alt.
O prédio foi construído em 1930 a mando do bem-sucedido comerciante e fazendeiro Jorge Schlemm, filho de uma das primeiras famílias imigrantes a chegarem em Joinville. O palacete foi morada para a família e também para estabelecimentos comerciais. O primeiro andar do prédio já abrigou um restaurante e o terceiro andar uma hospedaria.
Antigo escritório de Abdon Baptista

A esquina da Rua do Príncipe com a Rua Engenheiro Niemeyer é o endereço do casarão de fachada arredondada e arquitetura eclética construído sob encomenda para ser o escritório do brasileiro (natural da Bahia) Abdon Baptista, médico, empresário e político influente de Joinville e em Santa Catarina. Abdon foi o primeiro e até agora único governador (interino) negro de Santa Catarina.
Rua das Palmeiras, antigas Farmácia Minancora e Loja Richlin



A Rua das Palmeiras é uma alameda de pouco mais de 150 metros cercada do início ao fim por grandes palmeiras-reais e alguns comércios. Ela conecta a Rua do Príncipe à Rua Rio Branco, onde fica o Museu Nacional da Imigração e Colonização. As primeiras árvores foram plantadas em 1873 em homenagem ao Príncipe de Joinville, dono das terras que hoje é a cidade.
A rua em si é tombada como patrimônio, pela importância paisagística e histórica. De cada um dos lados da pequena via, na Rua do Príncipe, estão outros prédios históricos. Do lado esquerdo, o edifício da antiga Farmácia Minancora, que era também residência e laboratório do farmacêutico Eduardo Augusto Gonçalves, proprietário da marca.
Do lado direito, o prédio de 1932 da antiga Loja Richlin, que nasceu como um secos e molhados e hoje é ocupada por uma lanchonete. No alto do prédio é possível ver iniciais dos nomes dos responsáveis, todos da mesma família, pela construção de diferentes partes do edifício. A família Richlin é originária da Suíça e foi uma das primeiras a chegar na colônia.
Museu Nacional da Imigração e Colonização

O palacete todo branco de janelas azuis não está exatamente na Rua do Príncipe. Ele está situado na Rio Branco, bem de frente para a alameda das Palmeiras. O prédio, cujo projeto arquitetônico veio da França, foi construído em 1870 para ser sede da colônia Dona Francisca e foi um dos primeiros em todo o Brasil a ser tombado como patrimônio.
A casa, ao longo do tempo, foi residência e também local de trabalho dos representantes do príncipe de Joinville e de suas famílias. Em 1961 passou a ser sede do museu que conta a história da imigração no município e em Santa Catarina. É um dos principais cartões-postais da cidade.
Antigos Clube de Joinville e casa da família Hagemann


Quem hoje entra na loja para comprar artigos de cama, mesa e banho pode não imaginar que esse grandioso prédio foi na década de 40 sede do tradicional Clube de Joinville, responsável por carnavais memoráveis. O prédio na esquina da Rua do Príncipe com a Padre Carlos é uma construção de 1913 e foi muito frequentado pelos luso-brasileiros, aqueles que não eram descendentes de alemães.
Praticamente em frente a esse prédio há um outro centenário, onde funciona há tempos uma pastelaria. O edifício, na esquina da Rua do Príncipe com a Marinho Lobo, foi a casa da família Hagemann, uma das mais tradicionais da cidade, lá por 1920. Uma época em que os principais veículos na rua eram as bicicletas e que se cultivavam grandes jardins nas casas.
Catedral São Francisco Xavier


Bem mais recente que os centenários prédios anteriores, a Catedral de Joinville começou a ser construída em 1960 e seu projeto modernista é um marco arquitetônico para a cidade. Trata-se do principal templo católico de Joinville, entregue à comunidade em 1977.
Sua arquitetura é repleta de símbolos. As duas conchas sobrepostas representam as mãos de Deus sobre a Igreja. As 12 colunas são representação dos apóstolos e os 20 vitrais coloridos apresentam a evolução do mundo, na perspectiva teológica.
Confira abaixo o mapa criado pelo Sebrae com a localização dos prédios que fazem parte do roteiro histórico da Rua do Príncipe: