O vereador Fabrício Dalcastagne (PP) defendeu, durante sessões da Câmara de Timbó, a abertura de um debate sobre o reajuste dos salários dos parlamentares da cidade.
A proposta é que qualquer mudança passe a valer apenas a partir da próxima legislatura, como determina a legislação.
A ideia, no entanto, gerou forte reação popular e virou tema de críticas nas redes sociais.
Dalcastagne argumentou que os vereadores timboenses recebem menos que os de cidades vizinhas e que essa defasagem salarial desvaloriza a atuação de quem, segundo ele, realmente trabalha.
Atualmente, o salário bruto dos parlamentares é de R$ 6.080, e, conforme o vereador, o valor líquido “não chega a R$ 5 mil”.
Ele citou que em Indaial, com 13 vereadores, o salário ultrapassa os R$ 9 mil. Em Pomerode, os parlamentares ganham quase R$ 8 mil. Em Gaspar, o valor também se aproxima disso.
“Estou colocando isso em pauta para a próxima legislatura, não é para agora”, disse Dalcastagne em plenário. “Mas se não começarmos a discutir, não se muda nada. Com esse salário, não se atrai gente que quer se dedicar. Se continuar assim, vamos continuar com os mesmos”.
Veja o vídeo da fala do vereador na Câmara:
A fala repercutiu nas redes sociais, especialmente após vídeo publicado pelo comunicador Roman Raiter, da página “Café 1 Minuto”.
No vídeo, ele critica a proposta de aumento e denuncia que a pauta inclui ainda vale-alimentação, cartão corporativo e o retorno das diárias, que haviam sido extintas por pressão popular.
“Mal começou o ano, estamos no quinto mês, e já tem pedido de aumento de salário, com direito a vale-alimentação e, pasmem, cartão corporativo […] Quando é para elogiar, a gente faz. Mas na hora de criticar, não posso passar pano também, não. Quem precisa de vale-alimentação é quem está “magrinho” no salário mínimo!”, disparou Roman.
O comunicador também lembrou que alguns vereadores não compareceram a uma reunião com o governo estadual para tratar do trevo entre Timbó e Indaial, obra considerada essencial para a mobilidade da região.
Nos comentários do vídeo, moradores expressaram revolta.
“Se o salário não é atrativo, que não tivessem disputado a eleição. Disputaram, aceitaram as condições. Agora querem aumento?”, escreveu uma internauta. Outro comentou: “Querem aumento de salário, mas não fiscalizam nem aparecem nas obras”.
Uma moradora destacou: “Temos servidores da saúde, garis e professores ganhando muito menos. Eles sim mereciam aumento”.
Já outro comentou: “Primeiro fazem por merecer. Depois pensem em aumento. Vocês não estão cumprindo nem o básico”.
Também houve críticas direcionadas ao vereador Fabrício. “Quando foi secretário, o que fez? Como vereador, o que tem feito?”, questionou um internauta. Outro completou: “Só aparece para pedir aumento. Não vejo nas ruas, não vejo fiscalizar”.
Em meio às críticas, o vereador Flávio Ribeiro comentou na postagem em resposta a um questionamento e tentou esclarecer o debate. Segundo ele, a proposta não é para a legislatura atual, mas para a próxima.
“Os vereadores não podem conceder aumento de salário dentro do período correspondente ao mandato. Esse estudo pedido pelo vereador Fabrício acredito que seja para daqui a 4 anos, para os futuros vereadores e com a finalidade de justamente atrair pessoas cada vez mais qualificadas para dentro da política local.
Ele também defendeu o uso do cartão corporativo para viagens a Florianópolis e Brasília em busca de recursos. “Quando nós deixamos de ir, representantes de outros municípios vão e trazem dinheiro para serem investidos nos seus municípios”.
Mesmo com a justificativa, o clima entre os moradores segue de indignação.
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Comentários pedem mais responsabilidade e foco em pautas urgentes, como infraestrutura, saúde e mobilidade urbana.
Para muitos, o debate em torno de benefícios e reajuste salarial mostra uma desconexão dos parlamentares com as prioridades da cidade.
