Rodeio se prepara para um daqueles momentos que fazem a comunidade parar, respirar fundo e simplesmente sentir. No dia 15 de novembro, às 20h, será inaugurada oficialmente a maior árvore de Natal em crochê do Brasil: um símbolo que, mais do que decorar, toca a memória afetiva de quem vive aqui.
Desde o início de novembro, a cena se repete no pátio da Igreja Matriz: fios coloridos se espalham pelo chão, mãos ágeis vão unindo peça por peça e, no meio disso tudo, surgem sorrisos que traduzem o orgulho de participar de algo maior. A árvore, com seus 12 metros, cresce ponto a ponto graças ao trabalho de mais de 80 crocheteiras. Mulheres que encontraram, no artesanato, uma forma de transformar afeto em arte, e de costurar, junto com lã, histórias e sentimentos da nossa comunidade.
A abertura do Albero di Natale promete ser especial. A noite terá coral, cerimônia e bênção, marcando o começo da programação cultural que segue até dezembro. É o tipo de evento que reúne famílias e amigos, que aquece a praça e que lembra, com simplicidade, por que o Natal ainda nos emociona.
Enquanto a grande árvore ganha altura, a cidade inteira entra no clima. A rua Barão do Rio Branco está decorada com miniárvores feitas à mão; a escadaria da Matriz brilha com arcos e bolas de crochê. Cada detalhe carrega o cuidado de um povo que aprendeu a expressar fé e pertencimento também pelas mãos.
Mais do que enfeites, o projeto revela uma verdade que Rodeio conhece bem: quando a comunidade se une, algo bonito acontece. A árvore celebra quem tece, quem sonha e quem mantém vivas as tradições que nos formam. Em cada ponto de crochê, há também um ponto de encontro, entre passado e presente, entre lembranças e novas histórias que começam agora.
Sobre a Árvore de Crochê
O projeto nasceu do desejo de oferecer algo especial à cidade em homenagem aos 150 anos da imigração italiana. A ideia ganhou forma no dia 8 de fevereiro de 2025, quando teve início a parceria com a Círculo Ltda., que forneceu os primeiros novelos de lã da linha Mollet — o ponto de partida de uma jornada que ninguém imaginava que tomaria essa proporção.
Ao todo, 80 crocheteiras participaram do trabalho. A maior parte é de Rodeio, de diversos bairros, mas o projeto também atraiu artesãs de Ibirama, Timbó, Indaial e Blumenau.
Para quem vive o projeto de perto, a árvore representa união, propósito e cura — sentimentos que o Natal costuma despertar, mas que aqui ganham forma concreta, visível e tocável.
Quando se pergunta por que o crochê tem um valor afetivo tão forte entre descendentes de italianos, a resposta vem carregada de memória:
“Lembro da minha nonna fazendo crochê, algo que ela aprendeu com a mãe dela, minha bisavó, que veio da Itália. É um ensinamento passado de geração para geração”. Entrelaçar fios, portanto, é também entrelaçar lembranças.