Foi em um escritório na Avenida Brasil, no coração de Balneário Camboriú, que o futuro maior prédio do mundo começou a ser imaginado. O ano era 2019 e Leonardo Senna, irmão mais novo de Ayrton Senna, esteve na sede da FG Empreendimentos para conversar com o presidente da construtora, Jean Graciola. Graças a amigos em comum, que facilitaram a conexão entre ambos, Leonardo veio ao Litoral catarinense com uma ideia ousada: associar a marca do ex-piloto e ídolo de gerações inteiras a um megaempreendimento imobiliário.
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— No início achei meio utópico a família Senna querer conversar com a gente — lembra Graciola, sentado em uma cadeira dessa mesma sala, em entrevista exclusiva concedida à coluna na última quarta-feira (7).
Desde então, foram seis anos de estudos que começaram a se materializar de fato neste sábado (10) com o lançamento do Senna Tower. O superedifício terá 550 metros de altura, 228 apartamentos – sendo 18 mansões suspensas com elevadores para carros –, investimento superior a R$ 3 bilhões e uma área de lazer aberta ao público com direito a pista de kart, simuladores de corrida e um memorial com acervo de itens pessoais do tricampeão da Fórmula 1.
Veja imagens do Senna Tower
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Na entrevista a seguir, Graciola revela mais bastidores do empreendimento e também antecipa novos projetos da FG para o futuro.
O projeto do Senna Tower inicialmente havia sido concebido com outro nome. Em que momento o nome Senna entrou na jogada?
A gente já tinha um projeto para esse terreno que estava em andamento. E o nome desse empreendimento seria Triumph Tower. Era um projeto de 120 pavimentos, também considerado um supertall, que são prédios acima de 300 metros de altura. Em 2019 acabamos nos encontrando com a família Senna, e dali começamos a costurar uma parceria. Depois que fechamos, fizemos a mudança de nome.
Com quem vocês conversaram? Como foi essa construção?
Foi com o Léo Senna, irmão mais novo do Ayrton. Tínhamos amigos em comum. Eles tinham projetos em parceria com a McLaren (equipe da Fórmula 1) e vários outros da marca Senna. Então marcamos uma reunião aqui mesmo nesse escritório (a sede administrativa da FG em Balneário Camboriú). No início achei meio utópico (risos) a família Senna querer conversar com a gente. A reunião foi muito boa. Depois dela, acabamos indo para São Paulo, lá no Instituto (Ayrton Senna), e conhecemos a Viviane (irmã mais velha de Ayrton). Ali fechamos a parceria.
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Então a família Senna procurou a FG?
Partiu deles. Já tínhamos feito algumas parcerias com a Sharon Stone. Isso acabou levando o nome da marca para vários lugares do Brasil e do mundo. Eles acabaram procurando a gente para fazer uma parceria. O mercado brasileiro tem tudo a ver com o ídolo Ayrton Senna. E o mercado de Balneário Camboriú é de venda nacional e internacional. Vendemos o Brasil para o mundo inteiro. Então unimos a ideia deles, que era excelente e espetacular, com um mercado maravilhoso.
A concepção desse projeto foi muito diferente de outros empreendimentos da FG, por carregar o nome de um ídolo de gerações inteiras?
São alguns momentos. É um projeto supertall que é extremamente tecnológico. A gente já vem desde 2007 viajando o mundo todo procurando parcerias para poder construir um empreendimento desse porte. O segundo momento é o padrão de acabamento. Tem que ser altíssimo, e a FG sempre trabalhou com alto padrão. A gente já tinha um prédio de quase 300 metros de altura, o One Tower, que estava em fase final de construção (na época). Então essa parte de tecnologia e inovação já estava preparada. Na parte de acabamento, buscamos parcerias com arquitetos famosos do Brasil para fazer a parte de interiores. Mas obviamente colocar o conceito e a história do Ayrton Senna no empreendimento foi um trabalho a várias mãos com a Lalalli Senna, que é sobrinha do Ayrton Senna. Ela é arquiteta, uma artista, e trabalhou diretamente no conceito do empreendimento, para contar e transcrever a história do ídolo, da parte de superação, do auge dele, do que ele fez pelo Brasil. Teremos 18 mansões suspensas com elevador para carro. Você vai poder colocar o carro dentro do apartamento. Vamos ter uma área de lazer aberta ao público, com um memorial do Senna, simuladores de Fórmula 1, uma pista de karts elétricos rodeando todo o empreendimento. A ideia, desde o começo, foi que qualquer pessoa pudesse visitar.
O Senna era obcecado pela perfeição. Como isso inspira a empresa?
O Ayrton Senna sempre esteve à frente do seu tempo. Eu tenho certeza que a FG tem isso em seu DNA. Falando em projetos de inovação, já estamos trabalhando isso há quase 18 anos, costurando parcerias mundo afora. Isso tem a ver com superação, determinação, com o que ele fazia nas pistas. Estar à frente do seu tempo, que é o que o Ayrton fazia, é o que a FG faz.
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Se ele estivesse vivo e olhasse esse projeto, o que você acha que ele diria?
Ah… Eu iria perguntar se eu estou no caminho certo. Tem que ter muito respeito. No dia que a gente fez a divulgação da parceria, antes eu fiz uma reunião com a família. E falei: “Poxa, a partir desse momento isso vai para o mundo e vamos representar um ídolo mundial”. É uma pessoa que transcende gerações e vai continuar fazendo isso. Realmente, para a gente é um momento histórico e marcante. Eu acredito que estou no caminho certo. A história de vida dele e o que ele fez pelo Brasil, tudo é muito emocionante. Obviamente eu me emocionaria muito nessa pergunta, mas eu diria para ele confiar em mim, que eu vou fazer por merecer e fazer acontecer.
Que outras novidades o Senna Tower terá que não existem nos demais empreendimentos da FG?
Com essa área aberta ao público, a ideia é que o empreendimento seja um símbolo. Quando você vai a Paris, você vai visitar a Torre Eiffel e o Louvre (museu). Se você vai para Dubai, você vai visitar o Burj Khalifa. A ideia é que as pessoas venham para o Brasil e para Balneário Camboriú para visitar o Senna Tower. Vai ser realmente uma atração turística e o primeiro supertall do mundo com o selo Leed Platinum. Vamos utilizar a mass damper, que faz uma estabilização do empreendimento para que o cliente não tenha desconforto. Um prédio alto, obviamente, por questões técnicas tem que balançar. Mas a mass damper é para dar um contrapeso e dar mais estabilidade. Vamos ter quatro coberturas duplex e três coberturas triplex. Inclusive estamos fechando uma parceria com uma empresa internacional para fazer uma espécie de leilão dessas coberturas. Não tem como mensurar preço para uma cobertura dessa em um empreendimento com a marca Senna por trás. Vamos ter um rooftop só para a parte residencial, a 500 metros de altura, todo em vidro, com pé direito triplo. Imagina fazer um aniversário ou um casamento lá em cima? Vamos ter sete andares de lazer. Será possível fazer academia a 250 metros de altura olhando para o mar, com aquela vista maravilhosa.
Já há um valor geral de vendas (VGV) estimado?
Sim. Vai chegar perto de R$ 8,5 bilhões.
É o maior VGV que vocês têm conhecimento?
É difícil comparar. A própria FG tem outros empreendimentos com VGV parecido. Tem empreendimento que a gente lança de R$ 6,5 bilhões. Hoje o maior landbank (estoque de terrenos) da região é da FG. Temos perto de 4,5 milhões de metros quadrados para construir. Mas eu acredito que esteja entre os cinco maiores VGVs da América Latina e talvez até do Hemisfério Sul.
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A FG já é muito consolidada em Balneário Camboriú. Essas áreas disponíveis para construção estão onde? A empresa mira algum novo mercado?
Inicialmente é um landbank que já é da construtora e equivale a um VGV de R$ 120 bilhões. Temos um marketshare (participação de mercado) perto de 40% em Balneário Camboriú. São oito praias. Além disso, ela está ligada com a Praia Brava, que é um mercado que a gente está entrando muito forte. Estamos investindo naquela região de Itajaí. A FG tem, sim, projetos de expansão, mas por enquanto não pretende sair de Santa Catarina. Aqui nós temos um mercado de construção civil regional, mas ele acaba sendo um mercado de vendas para o Brasil e para o mundo, que já está consolidado. Temos sim ideia de expansão, mas para outras regiões do Estado. Já tivemos propostas para ir para Maringá, Curitiba, Londrina, Cuiabá, Rio Verde, várias regiões, São Paulo. Mas estamos muito bem aqui.
A expansão vai focar nos supertalls ou há outros tipos de projetos?
Estamos com vários projetos diferenciados, não só o Senna Tower. Ele é o primeiro empreendimento com naming por trás, nunca tivemos nenhum projeto com uma assinatura. Também temos projetos mistos de hotelaria e residencial em Balneário Camboriú, em fase final de aprovação. São projetos de 110 pavimentos e quase 400 metros de altura. A região pede hotéis de alto padrão. Já estamos em conversa com algumas marcas, inclusive para assinatura de naming desses empreendimentos. Temos um projeto que é o FG Tower, que vai ter quatro andares de open mall e deve ser lançado no final deste ano ou início do ano que vem. A ideia é trazer marcas de luxo para Balneário Camboriú. Também temos projetos com áreas turísticas, com rooftop, restaurante, resorts de alto padrão. Temos cinco megaobras em andamento, que representam em torno de 1,25 milhão de metros quadrados. A FG trabalha com uma capilaridade de produtos muito grande. Tenho produto de R$ 1,6 milhão a R$ 100 milhões e agora as coberturas do Senna ultrapassando os R$ 200 milhões. Para o futuro, temos um projeto na Praia Brava bem diferenciado. Serão 220 mil metros quadrados de obra. Ele vai ser um projeto misto, com 500 apartamentos residenciais e 250 de hotelaria. A ideia é trazer uma hotelaria de alto padrão, de frente para o mar. Lá temos 150 mil metros quadrados de área de terreno. Usamos 50 mil e os outros 100 mil são de área de preservação que pertence ao condomínio. Então você terá o mar à frente e a área verde atrás, é um novo nicho de mercado. Vamos lançar no final do ano. Tem também um projeto para o Marambaia, que vai ter uma assinatura que por enquanto não posso divulgar. Vamos manter a parte redonda, que é icônica, que já tem 65 anos de história. Ela não estava tombado, mas resolvemos tombar. Será um empreendimento misto de 110 pavimentos, com cerca de 300 apartamentos de hotelaria e o resto residencial, com apartamentos de 200 a 600 metros quadrados de área privativa.
E os lançamentos?
Vamos lançar quatro projetos neste ano, com VGV de R$ 7,5 bilhões sem contar o Senna Tower, três no ano que vem e mais três em 2027. Serão em torno de 700 a 800 novos apartamentos. A FG é uma empresa familiar, de capital fechado, mas que trabalha de forma profissionalizada e com governança desde 2011. Criamos o conselho consultivo em 2012, que é renovado a cada cinco anos. Trabalhamos muito com o pé no chão, de forma perene e pensando na sustentabilidade e no futuro da empresa. A gente não faz nada na loucura. São 17 anos buscando tecnologia e inovação para chegar onde estamos. Só o Senna Tower foram seis anos de trabalho.
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A FG já pensou em abrir capital?
Nunca pensamos. A gente conversa, escuta, as pessoas procuram, fundos, bancos, parceiros, sócios. Mas a gente não tem interesse nenhum nesse momento. Estamos bem e tranquilos. Eu não quero ser a maior empresa, mas a melhor, tanto para o cliente quanto em rentabilidade. Ano passado fechamos com 37% de margem líquida, um crescimento de 30% em vendas. Esse ano vamos crescer 30% também. O mês de abril foi excelente, ficamos 20% acima da meta do mês no orçamento. É uma empresa de capital fechado, mas que trabalha como se fosse uma empresa de capital aberto.
É possível fazer prédios ainda maiores?
A gente tem o know how para isso, com certeza. Mas não é só ter o conhecimento, é ter o ecossistema de parceiros para poder construir esse tipo de empreendimento. A gente falou de levar a FG para outros mercados. Criamos uma empresa chamada Tall Solutions, onde levamos soluções de prédios altos para outras empresas. Também estamos vendendo consultoria.
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