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Pedofilia, diplomacia, mulheres: os desafios e como pensa o novo papa sobre temas polêmicos

Mais de duas semanas após a morte do papa Francisco, os preparativos para o conclave tiveram início. Desde então, os cardeais que começaram a votar na Capela Sistina na quarta-feira (7) sinalizavam que gostariam de dar continuidade ao exemplo do argentino, voltar atrás ou encontrar um meio-termo entre os dois.

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Durante homilias, conversas públicas e privadas, e principalmente em comentários aos colegas cardeais nas reuniões diárias que acontecem por trás dos muros do Vaticano, as pessoas que escolheram o novo papa, Leão XIV, têm feito o que corresponde a um “referendo” sobre o legado de Francisco.

Robert Prevost é o primeiro papa americano e se chamará Leão XIV

Veja fotos do novo papa

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Nesses momentos, os cardeais também avaliavam se tinham o desejo de perpetuar o chamado “efeito Francisco”, ou seja, a ideia de que uma pessoa carismática, inclusiva e de consciência moral no cenário geopolítico poderia atrair novos seguidores e trazer de volta os católicos que abandonaram a Igreja Católica.

Diante disso, é uma certeza que o sucessor de Francisco terá muitos desafios pela frente. Antes de se tornar papa, Prevost se posicionou contra algumas das políticas de Trump, como deportação de imigrantes, falou contra o racismo após a morte de George Floyd, homem negro morto pela polícia em 2020, e contra a pena de morte.

Veja, abaixo, os tópicos críticos que estão em jogo e o que Leão XIV já disse sobre os temas:

Igreja mais humanizada

Ao longo dos 12 anos como pontífice, Francisco protagonizou várias manchetes de jornais devido às falas progressistas que incentivaram os liberais, sejam eles católicos ou seculares. Dentre as mais marcantes, está a “Quem sou eu para julgar?”, resposta que o papa proferiu ao ser questionado sobre padres gays. Francisco também defendia uma igreja mais próxima das pessoas, em especial dos pobres e marginalizados e desempenhava um papel de “pastor”.

O novo papa demonstrou ideias semelhantes, quando disse ao site oficial de notícias do Vaticano no ano passado que “o bispo não deve ser um pequeno príncipe sentado em seu reino”. Em vez disso, disse ele, um líder da Igreja é “chamado autenticamente a ser humilde, a estar próximo das pessoas a quem serve, a caminhar com elas, a sofrer com elas”.

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Imigrantes

Papa Francisco saiu em defesa dos migrantes, implorou aos líderes mundiais atitudes em relação às mudanças climáticas e criticou o que considerava os excessos do capitalismo e a exploração dos pobres.

As declarações, apesar de bem recebidas por parte do público, fizeram Francisco virar alvo de críticas internas sem precedentes, desde a restrição da missa em latim até a acolhida dos migrantes.

Em sua conta na rede social X, Prevost, agora papa Leão XIV, teve como último post uma mensagem repostada que critica a decisão de Trump de enviar deportados a prisões de El Salvador. Ele também republicou o post no X de um padre questionando a deportação de Sírios.

Casamentos homoafetivos

A decisão de Francisco de abrir caminho para a bênção de casais homoafetivos no final de 2023 provocou uma forte reação por parte dos religiosos. Isso significa que Leão XIV terá que amenizar o atrito entre as diferentes correntes dentro de uma Igreja onde coexistem sensibilidades culturais diversas.

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Como cardeal, Prevost não se posicionou contra ou a favor do casamento homoafetivo, mas em um evento em outubro de 2024, segundo a imprensa católica, ele citou que as conferências episcopais nacionais deveriam ter autoridade sobre o assunto respeitando as diferenças culturais.

Pedofilia

Mesmo com as medidas tomadas para combater o abuso infantil na Igreja, entre elas a revogação do segredo pontifício e a obrigação de denunciar os casos à hierarquia, as associações de vítimas expressaram decepção com as ações do papa Francisco.

O assunto é um dos maiores desafios atuais para a Igreja. Para muitos estados asiáticos e africanos, a questão é um tabu. Na Europa, onde a Itália sequer iniciou uma investigação independente sobre os casos, também.

Em 2023, quando se tornou cardeal, o novo papa recebeu denúncias contra dois padres por abuso infantil. Três mulheres acusaram Prevost de acobertar casos de abuso sexual cometidos por dois padres no Peru, quando elas ainda eram crianças.

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As denúncias haviam começado ainda 2020, quando uma das vítimas telefonou para o novo papa. Um dos padres foi afastado de forma preventiva e o outro já não exercia mais funções por questões de saúde. A diocese peruana, no entanto, diz que ele seguiu os trâmites previstos pela lei canônica e enviou o caso ao Vaticano, onde segue em investigação.

Diplomacia

Em um mundo com grandes conflitos, o papa também é um chefe de Estado, e possui uma autoridade moral. Francisco irritou Israel, Ucrânia, Rússia e Estados Unidos com falas sobre conflitos na Ucrânia, Sudão, Gaza e migrantes.

Agora, há quem possa se perguntar se o sucessor do Santo Padre escolherá flexibilidade para acalmar as relações, e quais serão suas posições sobre imigração, um dos temais centrais do pontificado de Francisco.

Enquanto papa, Francisco expandiu o Colégio de Cardeais para o que chamou de “periferias do mundo”, nações distantes do Vaticano com as populações que mais crescem, bem como para alguns lugares onde os católicos são uma minoria esmagadora. A atitude acabou irritando os quadros mais conservadores entre os purpurados, antes formados principalmente por europeus.

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Ordenação de mulheres

Após Francisco abrir tanto espaço para mulheres em cargos importantes da Igreja, como a Irmã Simona Brambilla, primeira prefeita de um Dicastério (departamento) da Cúria, em janeiro deste ano, a pergunta que fica é: qual lugar as mulheres terão nos próximos anos?

As esperanças das associações feministas de uma abertura ao diaconato feminino, no entanto, foram frustradas pelos resultados da última assembleia mundial sobre o futuro da Igreja.

Além disso, o papa Leão XIV, ainda como cardeal, se posicionou contra a ordenação de mulheres durante um Sínodo em 2023. “Algo que também precisa ser dito é que ordenar mulheres — e algumas mulheres disseram isso de forma bastante interessante — ‘clericalizar mulheres’ não resolve necessariamente um problema, pode criar um novo problema”, disse Prevost.

Alguns dos cardeais pretendem seguir em frete com as mudanças, ou até mesmo dar saltos maiores. Já outros querem retroceder. As maiores divisões, por outro lado, podem estar nas questões polêmicas em que Francisco se aproximou da fronteira, mas não cruzou, incluindo a ordenação de mulheres como diáconos católicos e o uso de controle de natalidade.

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Redução das vocações

O 267º papa, Leão XIV, herda uma Igreja de 1,4 bilhão de fiéis cuja distribuição geográfica é desigual — em plena expansão no Hemisfério Sul, mas com redução constante na Europa. No final de 2023, a Igreja tinha 406.996 padres em todo o mundo, um número 0,2% menor que em 2022. O número de padres aumenta na África e na Ásia, mas diminui em outros lugares.

Agora, o americano Robert Prevost terá que administrar essas dinâmicas diversas para reavivar a frequência à Igreja e as vocações.

Finanças

Por mais de uma década, Francisco se esforçou para reformar a gestão financeira da Santa Sé e introduzir medidas para aumentar a transparência das finanças antigamente obscuras da Igreja. Ainda assim, o Vaticano sofre com um déficit orçamentário crônico, queda nas doações dos fiéis e investimentos financeiros com retornos incertos.

A imagem da Igreja Católica também foi posta em jogo nos últimos anos devido a escândalos de desvio de dinheiro. Entre as polêmicas, está a compra de um imóvel de luxo em Londres com dinheiro da Santa Sé envolvendo o influente cardeal Angelo Becciu , que não foi autorizado a votar neste conclave.

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Estilo

Francisco tinha um estilo próprio e único. O papa argentino, durante o pontificado, quebrou os códigos de maneira singular: se recusou a aceitar os aposentos papais para ir morar na sóbria residência de Santa Marta, circulava em um simples Fiat 500, respondia cartas de fiéis e aceitava o chá mate oferecido a ele pelos peregrinos durante grandes congregações.

O pontífice, no entanto, também foi criticado por isso. Ele foi acusado de governar em um estilo muito pessoal, às vezes considerado autoritário, e pela excepcional capacidade de comunicação: falava “demais” em público sobre vários temas, às vezes preocupando os diplomatas da Santa Sé.

Leão XIV, então, terá que conseguir se aproximar dos fiéis sem dar a impressão de tentar “imitar” Jorge Mario Bergoglio. O novo pontífice terá que encontrar uma maneira de imprimir seu próprio estilo.

*Com informações do Globo e do g1

**Sob supervisão de Andréa da Luz

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