A inflação dos alimentos no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve alta no mês de março, impulsionada por itens como ovos de galinha, café moído e tomate. Em contrapartida, o arroz teve queda pelo quinto mês consecutivo, segundo dados divulgados nesta quinta (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Os dados mostram um aumento na inflação da alimentação no domicílio de 1,25% em março, resultado que segue a alta de 0,63% em fevereiro.
O preço do ovo de galinha teve aumento de 19,44% em março, enquanto o café moído cresceu 8,53%. Assim, cada item gerou impacto de 0,05 ponto percentual no IPCA-15, sendo as principais pressões do lado dos alimentos.
O crescimento no preço dos ovos de galinha, sentido no bolso dos brasileiros e assunto há algumas semanas, chamou atenção também no índice oficial de inflação do Brasil, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que também é calculado pelo IBGE. No mês de fevereiro, o crescimento do IPCA foi de 15,39%, o maior desde o início do Plano Real.
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Segundo o IBGE, ao menos três fatores estão levando o preço dos ovos às alturas: os impactos do calor, as exportações devido a gripe aviária e a maior demanda por conta do retorno das aulas.
Já problemas na safra do café levaram a um aumento no preço do produto no mercado internacional.
O tomate registrou alta de 12,57% no IPCA-15 de março e gerou um impacto de 0,03 ponto percentual no índice. O alimento só ficou abaixo do ovo e do café nos que mais pressionaram o índice, com 0,05 ponto percentual cada.
Um dos motivos para a pressão nos preços de alimentos são as temperaturas elevadas nos meses mais quentes do ano, o que reduz a oferta de produtos in natura, como explica o economista André Braz, do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).
— Passamos por onda intensa de calor, e isso compromete safras de ciclo produtivo mais curto — pontua.
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A partir de abril, esses itens devem ter altas menores ou até quedas nos preços. Dessa forma, a expectativa é que hortaliças, legumes e frutas não pressionem a inflação da mesma maneira.
Leandro Gilio, do Insper Agro Global, também destaca que no caso do tomate, a disponibilidade do produto afeta o preço. Com muita chuva em algumas áreas e calor em outras, há mais descartes e perdas na colheita. Ainda, o preço dos fretes também impacta o valor dos alimentos.
— Pela baixa capacidade de armazenamento e a grande safra [de grãos] que estamos tendo esse ano, a logística tem sido bastante pressionada, elevando custos de alimentos pelo país — afirma.
Queda no preço do arroz
Em contraposição com os aumentos de preços, o arroz teve redução de 1,6% no preço. A queda gerou um impacto de -0,01 ponto percentual no índice, o principal entre os alimentos em baixa.
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A queda foi a maior desde abril de 2024, quando o mercado registrou -1,89%. Os números estão associados a um aumento de mais de 15% na produção brasileira, com recuperação da produção do Rio Grande do Sul após a enchente enfrentada no último ano, e melhora na oferta global.
Laranja-pera (-5,05%), contrafilé (-1,4%), alcatra (-1,69%) e óleo de soja (-1,8%) também estão entre os destaques em queda no IPCA-15 de março. Cada um dos itens teve um impacto de -0,01 ponto percentual no índice.
*Com informações da Folha de S. Paulo
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