Mudanças nas regras de participação de cervejarias artesanais na Oktoberfest Blumenau vão criar uma espécie de “muro de proteção” para empresas do setor já instaladas na cidade. Em contrapartida, essas mesmas alterações, anunciadas nesta quarta-feira (21) pela prefeitura, colocam em xeque a presença futura no curto e médio prazos de algumas marcas veteranas e bem conhecidas do público da maior festa alemã das Américas.
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A licitação para a ocupação dos oito estandes destinados às artesanais durante o evento, desta vez, será restrita para cervejarias que têm fábricas em Blumenau. Nos últimos anos, o edital permitia a participação de empresas que mantêm operação no Vale Europeu – o que deixava a concorrência mais abrangente, por englobar marcas de ao menos uma dúzia de cidades vizinhas.
Nas condições de agora, cervejarias como Schornstein (Pomerode), Das Bier (Gaspar) e Holzbier (Timbó), para citar alguns exemplos de empresas que bateram ponto em edições recentes da Oktoberfest, ficariam impedidas de ter estandes próprios por não terem produção em Blumenau. Uma brecha no edital ainda pode permitir que elas estejam presentes como convidadas em algum dos pontos, mas sem o mesmo protagonismo de antes.
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A Secretaria de Turismo e Lazer defende a mudança como forma de fazer jus ao título de Capital Brasileira da Cerveja, concedido por lei federal em 2017. Outra legislação municipal, do mesmo ano, instituiu um programa de incentivo a microcervejarias, brewpubs e cervejeiros caseiros, também com o objetivo de valorizar a produção local.
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A medida atende, em parte, uma reivindicação antiga da categoria. Em 2023, cervejeiros lançaram um movimento em defesa de uma Oktoberfest apenas com produtores locais. O apelo não foi suficiente para provocar a revolução que o setor pretendia. A gestão do então prefeito Mário Hildebrandt manteve o modelo financeiro que se consagrou recentemente, com uma grande marca no posto de cerveja oficial – naquele mesmo ano a Ambev bateu a Heineken em um apertado leilão, o que garantiu a Spaten como carro-chefe da festa até a edição de 2028.
O protecionismo de agora aparentemente já está sendo precificado pela prefeitura. Questionado pela coluna, o secretário Ulysses Kreutzfeld admitiu que a decisão pode desagradar cervejarias de outras cidades, mas a considera uma medida de mercado.
— Temos feito pouco para sermos merecedores deste título (Capital Brasileira da Cerveja). É um movimento que as cidades vizinhas já estão fazendo. Elas também estão se protegendo — diz.
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Há uma outra intenção mais estratégica por trás das mudanças. A expectativa da prefeitura é que as novas regras provoquem o surgimento de novas cervejarias em Blumenau ou a migração de fábricas para a cidade, fazendo com que empresários que querem surfar na Oktoberfest gerem emprego e renda localmente.
O novo edital está em fase final de elaboração e deve ser publicado em breve. Cinco dos oito pontos em disputa valerão para quatro edições da festa, enquanto outros dois e o estande exclusivo para microcervejarias – empresas com produção reduzida – terão validade de dois anos. Alguns desses espaços também poderão ser explorados durante o Sommer Festival.
Outra novidade prevista é que uma mesma cervejaria artesanal poderá ocupar até dois pontos na Vila Germânica, ao contrário de concorrências anteriores, que limitavam a presença a um único estande. Neste caso, essa cervejaria necessariamente precisará dividir um segundo ponto com outra, em formato de consórcio.
Veja fotos antigas da Oktoberfest Blumenau

1985 | Horácio Braun e Ingo Penz, figuras bem-humoradas da Oktoberfest (Foto: Acerco do Arquivo Histórico de Blumenau)

1986 | Outra foto mostra alegoria dos desfiles da Oktober (Foto: Acerco do Arquivo Histórico de Blumenau)

1987 | Ano em que a festa bateu a marca de 876 mil visitantes (Foto: Acerco do Arquivo Histórico de Blumenau)

Em 1988, festa bateu a marca de 1 milhão de visitantes (Foto: Acerco do Arquivo Histórico de Blumenau)
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