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O segundo maior dia da história da FURB (e o rádio estava lá)

Corredores do Campus I da FURB, novembro de 1985. Animados com a notícia chegada há algum tempo, funcionários, professores e acadêmicos armam uma pequena festa de recepção com faixas, comes e bebes e alegria impossível de disfarçar. O velho sonho nascido de uma carta estudantil há pouco mais de duas décadas estava, enfim, maior do que se podia imaginar.

Nos corredores, a chegada mais aguardada: com seu óculos marcante e um semblante sereno, o reitor da casa – professor Arlindo Bernart – chega da longa jornada que o levou a capital federal para acompanhar a consolidação do processo que levaria a batalhada FURB a ser a tão almejada universidade que o Vale sonhava e merecia.

Novembro de 1985: Recepção da chegada do reitor, professor Arlindo Bernart, após acompanhar o processo que levaria a FURB a ser reconhecida como universidade, oficializado em 1986 (Raimundo Pereira dos Santos / CMU / Arquivo da FURB)

Semblante de vitória que enchia a sala, admite-se. Em tempos de uma política onde garimpar conquistas exigia certa dose de sola de sapato, paciência e contatos tão bem alinhados (quase nada diferente de hoje), a conquista representava muito para uma comunidade estudantil que se via espelhada na reivindicação de Orlandina Carmem Wüst e que, tijolinho por tijolinho, ergueu o velho desejo.

A trajetória da FURB, olhando de fora sendo acadêmico ou curioso como eu, é recheada de momentos de lutas travadas e poesias escritas com a criatividade do tempo. Quando Orlandina escreveu aquelas linhas num distante 1956, talvez não imaginasse no eco que faria e nos lances que viveria. Somam-se algumas tombolas (rifa), muita persistência e um processo que só foi sendo referenciado a custa de teimosia e do tempo.

Marco representativo da construção da FURB, em 1968. Abaixo, prêmios da rifa que contribuiu na construção dos primeiros blocos, no mesmo ano (CMU / Arquivo da FURB)

Quando chegamos em 1986, talvez pode-se dizer que vivia a universidade um de seus momentos capitais nestas seis décadas de atuação que soma, entre projetos, profissionais formados e conquistas. O mês de fevereiro reservada o ápice da correria do professor Bernart com a assinatura da portaria nº 117, a que tornava a FURB, enfim, uma universidade, onde o céu tornara-se um limite para qualquer um que desejasse seguir o caminho acadêmico.

Um registro para a história de uma cidade que, aquela altura, já tinha Oktoberfest, tinha BEC em campo e já contava recordes nos JASC. Cuja indústria têxtil era uma lei e nomes como Prosdocimo, HM, Willy Sievert, Cine Busch e Rodolfo Sestrem ainda estavam na boca de muita gente, inclusive de jovens que conseguiam chegar aos corredores dos primeiros blocos dos Campi I e II da academia do Vale.

A portaria º 117, que reconhecia a FURB como Universidade, assinada pelo ministro da educação à época, Marco Maciel (CMU / Arquivo da FURB)

Na ocasião da assinatura oficial, em fevereiro de 1986, aquela esquina entre a Antônio da Veiga e Rua São Paulo estava parada. Diante de todos, erguia-se ainda um prédio de linhas modernas com aspecto que talvez lembrasse esse “céu é o limite” que o momento representava: a biblioteca universitária, imponente e marcante e que, até hoje, modifica a paisagem daquele canto do Campus I.

A solenidade, suntuosa como manda o protocolo, reunia além das autoridades máximas como o próprio reitor Bernart, o então prefeito Dalto dos Reis, o governador à época Esperidião Amin e, por maior presença, o então ministro da educação, Marco Maciel. E o registro daquilo tudo contou com câmeras de foto, vídeo e, ele: o rádio.

Passaram-se tantos anos quando, em conversas com os grandes irmãos de rádio Lucas Adriano e Gustavo Feo, foi me passado o arquivo que, com sorriso indisfarçável, apresento a vocês e, em distinção, aos que fizeram ou fazem a vida acadêmica dentro dos campi da FURB hoje: a cobertura , em caráter exclusivo, da solenidade de assinatura do reconhecimento da FURB como universidade, bem como da inauguração da biblioteca universitária.

E orgulho digo pois era o microfone da casa que, hoje, milito com voz e criatividade no rádio. Eram os tempos da União ainda operando, junto do 96.5 FM, na frequência de 820 kHz, que pouco tempo depois seria passada as mãos do dr. Carlos Alberto Ross para a criação da Unisul AM (e posteriormente CBN/Antena 1).

Nos microfones, a voz de Milton Rolim e José Carlos Goes, colhendo depoimentos e reações das autoridades presentes a cerimônia. Talvez, sem querer perder o brilho do destaque daquele dia, um dos pontos a se chamar atenção é a de um nervoso governador Amin, preocupado com a “discriminação sofrida por SC numa reunião com governadores do sul, em Brasília”, tema que faz ele voltar, volta e meia, nas intervenções que faz: no microfone e no discurso.

Comitiva do Ministério da Educação visita a FURB em 1985 como parte do processo de reconhecimento como universidade. Abaixo, o então ministro Marco Maciel (ao centro) caminha pelo pátio do Campus I durante a solenidade de 1986 (Raimundo Pereira dos Santos / CMU / Arquivo da FURB)
(Raimundo Pereira dos Santos / CMU / Arquivo da FURB)

Por fim, deixa-se este registro aos leitores também como homenagem póstuma ao professor e ex-reitor Arlindo Bernart, que nos deixou recentemente mas leva consigo o orgulho de ter participado de um momento tão capital na trajetória da FURB que o rádio teve o privilégio de registrar nas ondas naqueles dias.

E claro, de mim mesmo como um abraço a cada espaço da velha universidade. Minha vida profissional teve uma passagem por lá por oito meses de 2014, aprendendo muito e vivendo um pouco daquilo que muitos recordam como uma das passagens mais importantes, intensas e felizes da vida. A Giovana, o Michel, o Formiga, ao prof. Natel e tantos outros, minha gratidão, bem como ao Lucas e ao Gustavo por abrir o baú desta história na onda do rádio de Blumenau.

Gratidão, FURB! Voltemos à 1986…

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