Milton Angioletti viverá um momento especial nesta segunda-feira, 4, quando o Brusque enfrentar o Itabaiana no Augusto Bauer, às 16h, pela 15ª rodada da Série C do Campeonato Brasileiro. O guabirubense é ídolo do clube sergipano, pelo qual atuou ao longo de quase toda a década de 80; e encerrou a carreira após uma passagem no quadricolor, em 1991. A partida será o primeiro confronto da história entre as equipes.
Desde que deixou o Itabaiana, no final de 1990, Angioletti só retornou a Sergipe em duas oportunidades, entre 2003 e 2010, mas quer visitar novamente os lugares onde viveu seu auge como jogador. Ainda mantém contato com amigos que fez na época, e também com a imprensa local. Em 2022, foi presenteado com camisas do Tremendão, como é conhecida a equipe tricolor.
O Itabaiana foi o clube pelo qual o ex-atacante mais atuou. Foram mais de 70 gols e diversos jogos no Itabaiana entre 1981 e 1990, além das conquistas dos títulos sergipanos de 1981 e 1982, parte do pentacampeonato de 1978 a 1982. A partida desta segunda-feira, será oportunidade para rever o Tremendão de perto.
Mas, considerando que o jogo é contra o Brusque, o guabirubense balança. “Eu torço pelo Brusque se classificar no G-8 e para o Itabaiana ficar na Série C”, resume, bem-humorado.

Início no Paysandu
A profissionalização de Angioletti foi tardia. Herdou do pai a paixão pelo futebol e lembra que, todo ano, durante a infância, ganhava uma bola diferente no Natal. Trabalhou por anos nas Indústrias Têxteis Renaux S.A. (Iresa). Jogava futebol amador no time da empresa e fora também.
O guabirubense já tinha 20 anos quando foi chamado por Vladimir Appel para integrar as categorias de base do Paysandu, disputando campeonatos regionais.
Ser centroavante não era a intenção de Angioletti “Eu sempre jogava como meia direita, chegando com boa impulsão. Mas comecei a fazer gols, e me colocaram como centroavante. Eu não sabia fazer o pivô, era magro, tinha 64 kg”, relata. “Eu nunca fui craque, eu era esforçado.”
“Em uma decisão regional, Paysandu x Renaux juvenil, campo neutro, no Santos Dumont, ganhamos por 4 a 0 e eu fiz os quatro gols, provavelmente era 1977. (…) Depois, minha idade estourou, e aí o Vladi [Vladimir Appel] ,veio falar comigo se eu não queria trabalhar com eles na Appel e jogar no Paysandu”.
Angioletti rapidamente fez do futebol sua profissão, estreando no esmeraldino em 1978. Em 1979, chegou a jogar no Figueirense, que disputava um inchado Campeonato Brasileiro de 94 clubes.
Uma fratura na perna prejudicou sua sequência no retorno ao Paysandu. O atacante chegou a passar alguns dias em tratamento no Internacional, em Porto Alegre (RS). A lesão agravaria um problema no joelho, que nunca se recuperou totalmente.
O retorno aos gramados ocorreu ainda em 1980. Em julho de 1981, durante o Campeonato Catarinense, Angioletti foi negociado com o Itabaiana, em empréstimo.
Itabaiana
Angioletti foi para o outro lado do país após uma negociação de empréstimo. Na pré-temporada entre 1981 e 1982, o Itabaiana exerceu a opção de compra do passe do atacante, que totalizou 2 milhões de cruzeiros.
Em 1981, o atacante já participou da campanha do título sergipano, o quarto consecutivo do Tremendão. Foi apelidado de “Gringo”, e chegou sob alta expectativa.

“Quando cheguei em Itabaiana, eu cheguei [com valor] caro, todo mundo sabia, e eu ganhava mais que o pessoal lá, ganhando um salariozinho melhor. Os caras chegavam assim, já me olhavam meio atravessado, meio desconfiados”, recorda-se. Não demorou para a adaptação, a ponto de só deixar o clube definitivamente em 1990, nove anos depois.
“Me dei bem com todo mundo, respeitando todo mundo, levei minha família”, resume. Angioletti viveu o que considera um grande momento do futebol sergipano, com estádio lotados e diversos clássicos com os rivais Sergipe e Confiança. Na época, cupons fiscais de compras poderiam ser trocadas por ingressos, num tipo de transação que foi inspiração para o programa Gol da Gente, formalizado em lei de 2023.

Angioletti ainda passou por breves períodos emprestado ao Blumenau, em 1984, e ao Paysandu, por três meses, em 1985. No BEC, o motivo principal era a reforma do estádio em Itabaiana, o que, segundo relata o ex-atacante, fez com que a diretoria não almejasse grande campanha o estadual. No Paysandu, o empréstimo foi para que sua filha nascesse na terra dos pais, num pedido de sua esposa, já falecida.
Sua passagem pelo Itabaiana terminou em 1990. Após uma frustrante reta final de Campeonato Sergipano, com expulsão injusta em jogo decisivo no clássico contra o Sergipe, Angioletti decidiu tentar um novo desafio. Ainda hoje, é lembrado com carinho pelo torcedor do Tremendão e e é apaixonado pelo clube, falando com emoção das histórias vividas em solo sergipano.
No Brusque
Em 1991, chegando aos 34 anos, Angioletti retornou a Santa Catarina, desta vez para defender o Brusque. À época, o quadricolor tinha acabado de completar três anos de fundação, após a fusão entre Carlos Renaux e Paysandu. Era apenas a quarta temporada do clube, após 1988, 1989 e 1990, quando foi vice-campeão da Copa Santa Catarina.
Entre Copa Santa Catarina e Campeonato Catarinense, Angioletti marcou 11 gols em 39 jogos oficiais, além de disputar um amistoso contra a seleção do estado. Tentou deixar o clube rumo ao Sinop-MT. Contudo, sem liberação do passe pelo Brusque, encerrou a carreira logo depois.


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