A fumaça branca é um sinal: o passeio vai começar. E com ele uma viagem pela história. Afinal, estamos falando do último trecho onde ainda há um trem passando pela extinta Estrada de Ferro Santa Catarina. Fica em Apiúna. Na época em que foi construída, a ferrovia era sinônimo de modernidade. Costumava ser usada para o transporte de pessoas e de cargas agrícolas, como madeira e milho. Ela chegou a ter 184 quilômetros de extensão, mas acabou desativada em 1971, e hoje o passeio é por apenas 2,8 quilômetros.
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— Inicialmente, em 1909, o trem ligava apenas Blumenau a Ibirama. Em 1920, percebeu-se a necessidade de levar a ferrovia até Agrolândia, no Alto Vale do Itajaí, uma vez que ninguém sonhava com a BR-470. O que nós estamos fazendo hoje é relembrando esse feito, que significou muito para a economia da região. Então a gente mantém essa memória, fazendo passeios e explicando ao visitante como é que funcionava isso naquele tempo da Maria Fumaça — explica o historiador Luiz Carlos Henkels.
Dentro da locomotiva a vapor construída em 1920 nos Estados Unidos está o maquinista Otávio Georg Júnior. É ele quem opera o trem de quatro vagões. E entende bem do assunto:
— O funcionamento da locomotiva a vapor não é devido ao fogo, e sim devido à fervência da água. Então, assim que a gente faz a fervura da água gerando o vapor, o vapor é que é direcionado para os pistões e é a força motorizada da locomotiva. Vai em torno de uns 10 metros cúbicos de lenha aproximadamente.
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Veja fotos da locomotiva
O passeio de Maria Fumaça dura cerca de 45 minutos. O caminho é cheio de belas paisagens em meio à Mata Atlântica, que contrastam com trechos urbanizados, onde algumas casas ficam bem próximas à ferrovia. Em um dos trechos, um túnel de 68 metros construído em 1925. O percurso passa também pela entrada do pátio da Usina Hidrelétrica Salto Pilão, erguida entre os municípios de Apiúna, Ibirama e Lontras. Um cenário enriquece ainda mais a viagem.
O passeio custa R$ 50 e o ingresso pode ser comprado pela internet.
Como era a Estrada de Ferro antigamente

Construção do viaduto da Ponte de Ferro e, ao fundo a escavação para o túnel na Ponta Aguda (Foto: Arquivo Histórico de Blumenau)

Auto de linha que era usado apenas pelo diretor e pelo engenheiro da EFSC (Foto: Arquivo Histórico de Blumenau)

Companhia Blumenauense de Lacticínios SA ao lado da Estrada de Ferro (Foto: M. Röck, Arquivo Pessoal)

Locomotiva desativada indo para o sucateamento, em 1973 (Foto: Luiz Carlos Henkels, Arquivo Pessoal)

Oficina da EFSC na década de 1950, onde hoje é a prefeitura de Blumenau (Foto: Paulo Roberto Cordeiro Arquivo Pessoal)

Porto de carga e descarga da EFSC em frente ao clube Ipiranga, na Itoupava Seca, provavelmente no ano de 1950 (Foto: Valmira Siemann Arquivo Pessoal)

Postal da Estrada de Ferro Santa Catarina de 1910 e enviado à Alemanha (Foto: Bruno Kadletz Arquivo Pessoal)

Primeira Estação da EFSC construída em Blumenau e feita em arquitetura enxaimel, em 1908 (Foto: Acervo de Angelina Wittmann)

Primeira Estação da EFSC construída em Blumenau e feita em arquitetura enxaimel, em 1908 (Foto: Acervo de Angelina Wittmann)
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