Iago Bretzke, ex-gerente de uma cooperativa de crédito de Guabiruba, é investigado pela Polícia Civil sob acusação de cometer fraudes contra diversas pessoas e empresas de Brusque e Guabiruba.
Relatos de vítimas apontam para prejuízos que ultrapassam R$ 1 milhão. Conforme as investigações, ele se aproveitou da confiança dos clientes para fazer liberações falsas de créditos, emissões de boletos frios e contratação de empréstimos sem o consentimento dos proprietários das contas.
De acordo com os denunciantes, ele utilizava o acesso a dados de todas as empresas e pessoas envolvidas para gerar boletos falsos em seus nomes e captar o dinheiro para si.
Além disso, também utilizava dados dos clientes para abrir contas e contrair empréstimos. A fraude só começou a ser descoberta quando os clientes passaram a ser avisados pela cooperativa de movimentações atípicas, em meados de julho deste ano, quando ele também foi demitido.
O caso é investigado pela Polícia Civil de Guabiruba, por meio da Delegacia de Investigação Criminal (DIC) de Brusque. Atualmente, o inquérito está reunindo denúncias de vítimas.
O delegado responsável pelo caso, Fernando Farias, explica que a polícia está trabalhando para entender a forma que Iago agia dentro da agência para que seja possível identificar todos os crimes cometidos. “A princípio, seria o delito de estelionato e alguns delitos de falsidade ideológica”.
A reportagem de O Município ouviu relatos de pessoas que se dizem vítimas do golpe para entender como o ex-gerente atuava.
As pessoas ouvidas ressaltaram que o ele passava um alto grau de confiança e profissionalismo. Em outros casos, conheciam o suspeito desde a infância. Desta forma, aceitaram que ele realizasse a abertura de contas em nome das vítimas.
Descoberta das fraudes
Uma denunciante menciona que descobriu o caso após ser procurada pelo banco e ser informada de que estava com títulos pendentes. A situação piorou quando a vítima entrou em contato com um fornecedor e descobriu que estava com uma restrição no CNPJ.
Havia pendências em cinco empresas, porém, algumas traziam nomes de estabelecimentos e indústrias das quais a vítima sequer conhecia. Todas elas utilizavam os serviços do ex-gerente.
“Eu fui ligando para essas empresas, fora os que vieram me procurar. Então foi aí que eu entendi. Ele fez uma cirandinha e usou os dados que ele tinha dessas empresas e pessoas físicas e se aproveitou dos acessos”. Esta vítima teria sido lesada em cerca de R$ 100 mil.
“O meu CPF, o da minha irmã, do meu pai, da minha mãe, todos estão sujos através dos boletos gerados que ele emitiu de outras empresas para os nossos CPFs e para o CNPJ”.
Estima-se que ao menos 20 boletins de ocorrências tenham sido realizados acerca do crime envolvendo Iago Luiz Bretzke. De acordo com o delegado Farias, possivelmente é um dos crimes de maior repercussão, pelo número de pessoas envolvidas, da cidade de Guabiruba.
Apesar de ainda não se saber o intervalo exato de tempo em que os crimes ocorreram, as vítimas informam que foram descobertos rombos financeiros em suas contas entre os meses de junho, julho e agosto deste ano. Uma das vítimas chegou a registrar um boletim de ocorrência no final de 2024.
No final do mês de junho, Iago deixou de trabalhar como gerente da cooperativa de crédito. Clientes que entraram em contato com o número que antes era utilizado por Iago logo perceberam que ele não estava mais atuando pela cooperativa. A suspeita é que sua demissão tenha sido causada pela descoberta das infrações.
A reportagem também teve acesso a um boletim de ocorrência de uma das vítimas, o documento menciona que Iago chegou a realizar acessos pessoais às contas de um estabelecimento, executando transações.
O mesmo depoimento menciona outra ocasião em que o ex-gerente descontou cerca de R$ 120 mil da empresa para quitar diversos boletos de terceiros. Em outro momento, mas da mesma maneira, Iago descontou da empresa a quantia de R$ 153 mil também para o pagamento de boletos em nome de terceiros, pessoas das quais o proprietário sequer conhecia.
Essa vítima identificou as fraudes após a saída do ex-gerente da cooperativa. Após comparecer à agência, foi-lhe apresentado valores como dívida ativa, “sem que houvesse qualquer ciência prévia ou autorização para tais procedimentos”.
Outra vítima disse que recebia diversos pedidos de Iago para assinar documentos, e que pela confiança no cargo e desconhecimento de assuntos financeiros, fazia o que era pedido.
Por conta das pendências, e dependendo de mercadorias, algumas vítimas fizeram renegociações com a cooperativa, ou seja, um acordo. Sem a quantia total para quitação dos títulos, proprietários precisaram fazer empréstimos com o banco para prosseguir com as negociações.
Além do prejuízo no estabelecimento, a vítima menciona que sua família também teve as economias afetadas. Sua mãe conta com 21 negativações, enquanto o pai tem aproximadamente 18, e a irmã tem oito. A testemunha conta ainda que sua família ficou bastante abalada com a situação.
Para onde foi o dinheiro
Até o momento, não há informações sobre para onde o dinheiro teria sido enviado. O delegado Fernando Farias menciona que a polícia está apurando o caminho que o dinheiro fazia, se as quantias obtidas eram transferidas para a conta do ex-gerente ou de terceiros. “Para dificultar a identificação, é possível que ele tenha usado a conta de terceiros”.
Apesar de relatos de vítimas mencionarem prejuízos de mais de R$ 500 mil, o delegado não divulgou uma quantia estimada em reais obtidos pelo ex-gerente, pois cada caso pode variar. “A gente depende muito da colaboração da vítima, de comparecer à delegacia, apresentar toda a documentação pertinente ao caso”.
Até o momento não há informações se o suspeito agia em conjunto com outras pessoas. Cabe ressaltar que não há informação de que a agência na qual ele trabalhava tinha conhecimento das fraudes. Ele, inclusive, foi demitido do emprego.
Ao final, o delegado Faria ressaltou a importância do registro de um boletim de ocorrência. O caso segue em investigação.
Manifestação de Iago
A reportagem procurou Iago Bretzke para que ele pudesse se manifestar sobre o caso. Por meio do advogado, foi divulgada apenas a seguinte nota:
“A defesa informa que, até o presente momento, não recebeu qualquer comunicação oficial nem possui conhecimento formal sobre as supostas acusações mencionadas.
Reforçamos o compromisso com a transparência e o respeito aos trâmites legais, aguardando as devidas informações pelas vias oficiais antes de qualquer manifestação sobre o mérito dos supostos fatos”.
Assista agora mesmo!
Como menino indígena sobreviveu a chacina em Botuverá e ficou marcado na história: