Considerada a cidade mais fria do Brasil, que ostenta desde 2021 o título de Capital Nacional do Frio, Urupema é um dos municípios turísticos da Serra Catarinense. Localizada a pouco mais de 200 quilômetros da capital Florianópolis, tem uma população de apenas 2.700 pessoas e a economia voltada para atividades agropecuárias.
Com jeito de vilarejo, aconchegante e acolhedor, as geadas e a neve são presença constante no inverno em Urupema. Sua altitude média de 1.425 metros contribui para que fenômenos raros dentro e fora do país ocorram por lá.
Na cidade mais fria do Brasil o sincelo congela superfícies onde tocam as gotículas de água do nevoeiro e até uma cascata pode virar puro gelo dependendo das condições meteorológicas.
Urupema não decepciona quem está em busca de um turismo de frio, com paisagens que parecem cenas de filme e de outros países que não o Brasil. O período entre junho e agosto costuma ser o de temperaturas mais baixas.
Dependendo do ano, a soma de dias abaixo de 0ºC pode variar de 20 a mais de 30, com temperaturas que podem ultrapassar os -8ºC e sensações térmicas que chegam a atingir -20ºC.
Saiba mais sobre as atrações geladas, cultura, gastronomia e hospedagem da cidade mais fria do Brasil e programe-se para conhecê-la.
Cascata que Congela
- Na cidade mais fria do Brasil até cascata congela – Marcelo Pagani/PMU
- A queda d’água fica a sete quilômetros do Centro e precisa de uma combinação de fatores para congelar – Marleno Muniz Farias/Prefeitura Municipal de Urupema/Divulgação
Um dos principais pontos turísticos de Urupema no frio e fenômeno raro no Brasil, a Cascata que Congela é uma queda d’água de 13 metros de altura, escondida em meio à mata nativa, a 1580 metros de altitude. A vegetação que a cobre quase totalmente do sol faz com que a temperatura das rochas fique muito baixa.
Basta chegar uma massa de ar polar e a temperatura ficar negativa por alguns dias consecutivos que a combinação de fatores faz a água da cascata começar a congelar, formando “pingentes” de gelo em direção ao solo. Atenção à previsão do tempo: quando neva ou se forma o sincelo em áreas próximas é muito possível que o fenômeno natural e turístico se forme na cascata.
A queda d’água fica a sete quilômetros do Centro de Urupema e apenas 900 metros antes do topo do Morro das Torres, outro ponto turístico de inverno. A maior parte do caminho até lá é asfaltada e conta com placas indicativas. Uma das quedas da cachoeira já pode ser vista da beira da estrada, sem necessidade de fazer trilhas ou subir escadas. A visitação é aberta todos os dias e gratuita.
Morro das Torres
- Morro das Torres é lugar certeiro para assistir a geadas, neve e ao raro sincelo – Prefeitura de Urupema/ND
- Detalhe da vegetação congelada pelo sincelo – Prefeitura de Urupema/ND
O fato de ser o ponto mais alto de Urupema e um dos mais altos de Santa Catarina, com 1750 metros de altitude, favorece fenômenos como geadas, neve e o raro sincelo no Morro das Torres (ou Morro das Antenas). Por isso mesmo é ponto turístico de inverno na cidade mais fria do Brasil.
É muito comum na estação invernal o morro amanhecer com seus campos pintados de branco, assim como as antenas instaladas sobre ele e a vegetação. O local também pode ser propício para o raro sincelo.
Em dias com nevoeiro e temperaturas entre -2ºC e -8ºC, as gotículas de água podem congelar quando tocam a superfície. O resultado é a formação de cristais de gelo que cobrem árvores, vegetações e chão, de forma mais fina que a geada.
Do alto do morro é possível ter uma visão panorâmica da região central da cidade e de seus outros morros. O ponto turístico está a sete quilômetros de distância do Centro, com boa parte do trajeto asfaltado e com sinalizações. Os dois últimos quilômetros, entretanto, são de estrada de chão e requerem cuidado. O Morro das Torres abre todos os dias das 7h às 19h, gratuitamente.
Cachoeira das Contendas

Na localidade Cedro, a cerca de 13 quilômetros do Centro, a Cachoeira das Contendas é outro atrativo de visitação em Urupema. Embora pequena, apenas seis metros, a queda d’água é larga, bonita e volumosa.
Essa, entretanto, não congela. Sem nenhum outro atrativo por perto, o terreno plano ao redor pode ser área para um piquenique ou uma roda de chimarrão.
O trajeto até ela é majoritariamente por estrada de chão, cercada por muitos campos verdes, pinheiros, araucárias e outras árvores. Facilmente encontrável se colocada no GPS.
Praça Municipal, Igreja de Santana e Gruta
- Vista aérea da Praça Manoel Pinto de Arruda, no Centro de Urupema – PMU/Divulgação
- Igreja de Santana em frente à praça central – PMU/Divulgação
- Gruta Nossa Senhora de Lourdes ao lado da igreja – PMU/Divulgação
- Praça central coberta pela geada na cidade mais fria do Brasil – PMU/Divulgação
- Detalhe da água congelada no pergolado de madeira da praça – PMU/Divulgação
Típica de uma cidade interiorana, a Praça Manoel Pinto de Arruda é uma pequena área gramada no Centro de Urupema. Arborizada, ela também tem parque infantil, quadra de areia, lago e um quiosque onde se pode comprar aos finais de semana (ou em dias frios durante a semana) bijajica, paçoca de pinhão, café e pastel.
Nos dias abaixo de 0ºC é muito comum ver a praça toda branquinha e seu termômetro digital vira ponto para registros fotográficos do frio. Para dar um charme a mais, a prefeitura da cidade mais fria do Brasil instalou uma espécie de mangueira “secreta” pelo pergolado de madeira da praça. Quando as temperaturas despencam, a água congela formando “pingentes” de gelo amplamente fotografáveis.
Em frente à praça, uma escadaria leva o visitante à Igreja de Santana, dedicada à padroeira da cidade. Ao lado dela, a Gruta Nossa Senhora de Lourdes é espaço para orações de fiéis e também ponto turístico da cidade mais fria do Brasil. Aliás, a pequena cascata ornamental ao lado da gruta também pode congelar, a depender das temperaturas.
Casa da Cultura
- Fachada da Casa da Cultura de Urupema, no Centro da cidade – Marleno Muniz Farias/Prefeitura Municipal de Urupema/Divulgação
- No espaço, é possível conhecer um pouco da história da formação da cidade mais fria do Brasil – Marleno Muniz Farias/Prefeitura Municipal de Urupema/Divulgação
- Detalhes da exposição na Casa da Cultura de Urupema – PMU/Divulgação
Na Casa da Cultura Ana Paula da Silva Souza, o visitante tem a possibilidade de conhecer um pouco a história da formação de Urupema, desde seus primeiros habitantes indígenas à formação da Capitania de Sant’Ana (seu antigo nome) até a influência dos tropeiros que passam pela região transportando gado e mercadorias.
Objetos antigos, documentos, fotografias e pequenos ambientes cenográficos fazem parte do acervo da casa, que fica no Centro de Urupema e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 16h, com entrada gratuita.
Farmácia de Fitoterápicos

Uma farmácia de remédios produzidos a partir de plantas medicinais cultivadas no horto municipal também está entre os atrativos da cidade mais fria do Brasil.
Embora o programa seja destinado aos moradores de Urupema, turistas também podem conhecer e até levar gratuitamente um dos produtos da casa, como o chá de macela, flor símbolo de Urupema, bom para o estômago. A farmácia fica no Centro de Urupema e funciona de segunda à sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h.
Vinícola Gaudio
- Receptivo da Vinícola Gaudio em meio a colinas, morros e araucárias em Urupema – Vinícola Gaudio/Divulgação
- Pôr do sol na Vinícola Gaudio – Vinícola Gaudio/Divulgação
Única vinícola com receptivo em Urupema, a Gaudio fica na localidade interiorana do Cedro, a 13 quilômetros do Centro. Instalada em meio a colinas e Araucárias, ali é possível experimentar e se aquecer com os premiados vinhos finos de altitude da casa e contemplar o pôr do sol que tem cores especiais no outono e no inverno.
Por lá, é possível fazer degustações guiadas ou apenas pedir uma garrafa de vinho e acompanhá-la com uma tábua de frios ou pizzas artesanais. Em dias específicos do mês, a vinícola realiza sunsets, com a presença de DJs e/ou músicos da região. O empreendimento atende visitantes mediante agendamento, das 9h30 às 12h durante a semana, e das 10h às 18h, nos finais de semana.
Fazenda do Barreiro
- Fachada da Fazenda do Barreiro, uma das pioneiras do turismo rural no Brasil – Fazenda do Barreiro/Divulgação
- Salão da Fazendo do Barreiro – Fazenda do Barreiro/Divulgação
- Um dos atrativos da fazenda são os passeios a cavalo – Fazenda do Barreiro/Divulgação
Com mais de 200 anos de história, a Fazenda do Barreiro é uma das pioneiras do turismo rural no Brasil. Parte de sua história é contada por meio das fotos, objetos e documentos que compõem o acervo de um museu particular dentro da propriedade.
Aberta tanto para hospedagem quanto para um day use aos sábados e domingos, mediante agendamento, o empreendimento dispõe de trilhas, pescaria, passeios a cavalo e comidas típicas para saborear, com direito à roda de chimarrão ao redor do fogo de chão em uma casa antiga de pedras. A fazenda fica na rodovia SC-114, a 50 quilômetros do Centro de Urupema.
O que comer na cidade mais fria do Brasil?
A culinária típica de Urupema é a culinária serrana, que se repete em outros municípios vizinhos. O pinhão in natura e pratos preparados com ele, como a paçoca e o entrevero são comuns em casas e restaurantes.
A influência dos tropeiros e a proximidade com o Rio Grande do Sul fazem do churrasco e do chimarrão preparos comuns. Fora eles, a bijajica (rosca doce frita) e a rosca de coalhada (salgada feita com polvilho) devem ser experimentadas.
A cidade mais fria do Brasil não conta com muitos estabelecimentos gastronômicos. No centro da cidade, há em torno de sete restaurantes e/ou lanchonetes e uma panificadora, que entre os meses de junho e julho participam de um Festival Gastronômico, a fim de atrair turistas.
Onde se hospedar na cidade mais fria do Brasil?
Urupema dispõe de dois hotéis simples, no Centro, e dezenas de opções de cabanas, chalés e pousadas, distribuídas pela área urbana e rural, que juntas contabilizam em torno de 500 leitos de hospedagem. Na alta temporada do inverno é importante reservar com antecedência para garantir uma cama quentinha.