
O publicitário, chargista e cronista Carlos Cao Hering morreu nesta sexta-feira, 21, aos 77 anos, em Blumenau.
Ele estava internado no Hospital Santa Catarina para tratar um problema pulmonar, contra o qual lutava há anos.
Criador de charges marcantes e crônicas ácidas sobre o cotidiano, Cao Hering era uma referência na publicidade e na comunicação local, deixando um legado criativo e irreverente.
Uma trajetória marcada pela arte e pelo humor
Tataraneto de Friedrich Hermann Hering, um dos fundadores da empresa Hering, Cao seguiu um caminho distinto da indústria têxtil.
Formado em Publicidade e Propaganda pela PUC-RS, iniciou sua carreira como ilustrador e chargista no jornal A Cidade, de Blumenau. Seu primeiro personagem, Nix, um soldado americano da Guerra do Vietnã, surgiu ainda durante a faculdade.
Nos anos 1970 e 1980, em plena ditadura militar, foi convidado pelo jornalista Fausto Wolf a publicar cartuns no O Pasquim, um dos principais veículos de resistência ao regime.
Como publicitário, teve participação societária em agências e acumulou 25 prêmios na área, incluindo um Prêmio Colunistas nacional.
O impacto de Cao Hering no jornalismo e na publicidade
Por quase 40 anos, Cao foi ilustrador, chargista e colunista do Jornal de Santa Catarina, do Grupo RBS. Suas charges, de traços simples e críticas afiadas, tornaram-se marca registrada do jornalismo local.
Ele também escreveu para diversas revistas, incluindo a Taba Magazine, e reuniu parte de sua produção no livro Hai-Caos, lançado em 1994.
Na publicidade, Cao Hering foi fundador da Direcional Propaganda e manteve um acordo operacional por dez anos com a DPZ, uma das principais agências do Brasil.
Participou da 20ª edição do Manhattan Connection, na Globo News, e foi autor da frase vencedora dos 20 anos do programa: “Manhattan Connection: porque ninguém é uma ilha”.
Presença na TV e no rádio
Além dos jornais e revistas, Cao Hering também se destacou na televisão.
Participou dos programas Bate-Papo, Mesa de Bar e Galera Mix, entrevistando personalidades e abordando temas do cotidiano.
Recentemente, fazia comentários políticos e sobre atualidades em um programa semanal na Rádio 90 FM.
Homenagens e despedida
Nos últimos anos, mesmo com a saúde debilitada, Cao Hering ontinuou produzindo.
Seu último trabalho impresso foi o livro Meus Tipos Inesquecíveis, onde reuniu histórias marcantes e dedicou exemplares aos amigos próximos.
A morte de Cao Hering causou grande comoção entre colegas e admiradores. Jornalistas, publicitários e amigos prestaram homenagens destacando seu talento, humor e genialidade.
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“Cao sabia tornar interessante até o tema mais modorrento. Um gênio!”, escreveu Evandro de Assis, ex-editor-chefe do Jornal de Santa Catarina.
“Blumenau perde um talento insubstituível. Sua criatividade fará falta”, afirmou o colunista Cacau Menezes.
