O Brusque conseguiu, jogando no Augusto Bauer, perder para o Retrô. Um time que, apesar de todo o investimento multimilionário e estrutura de ponta:
– Era o lanterna da Série C;
– Tinha quatro gols marcados em 12 jogos;
– Não vencia há sete;
– Não marcava gols há seis;
– Está com seu quinto técnico em sete meses.
O quadricolor nem fez necessariamente um mau jogo. Foi para cima, tentou, teve domínio da posse de bola. Há pontos positivos no que foi o desempenho geral. Contudo, era parte de sua obrigação em casa, contra um time que estava na situação em que o Retrô estava.
Que bom que não há terra arrasada, mas faltou o resto. Faltou fazer o que conseguiu fazer apenas seis dias antes, em Maringá (PR). Daquela vez, sofreu, teve muito menos oportunidades, mas venceu, conseguindo certa segurança após a abertura do placar.
O goleiro Fabian Volpi, do Retrô, fez três defesas relevantes. Duas delas, em desperdícios de João Veras. Havia também muitos chutes para fora, cruzamentos imprecisos e cabeceios inofensivos. No melhor deles, Éverton Alemão conseguiu empatar o jogo, contando com o gol contra de Rayan. E todo esse esforço hercúleo por um gol chorado contra o Retrô contrasta com a facilidade e a eficiência absurdas nas finalizações do adversário para vencer por 2 a 1.
Para além disto, as ausências de Alex Ruan e Jhan Pool Torres fizeram diferença. Muito mais do que deveriam ter feito.
A derrota para o Retrô não foi o caso de “não ser a noite do Brusque” e não se explica só com o imponderável do futebol. Derrotas e desempenhos como o deste domingo, 20, não são casos isolados. São recorrentes, quase parte de um padrão de um time que tem dificuldades severas no Augusto Bauer. Dificuldades de jogar no local em que, nos últimos meses, seus torcedores só vão para ver suas esperanças morrerem.
A morte do fator casa
Desde que voltou a jogar no Augusto Bauer após a reforma, o Brusque não conseguiu resgatar o estádio como uma casa que lhe ofereça vantagens significativas. O Gigantinho não é mais um caldeirão, um alçapão, uma armadilha que o clube já teve. Isto se vê nos números.
São 19 jogos no Augusto Bauer reformado até aqui: oito vitórias, quatro empates e sete derrotas. O Brusque marcou apenas 16 gols e sofreu 14. Aproveitamento de 49,12%. Mediano. De positivo, houve um momento mais proveitoso, de sete jogos sem perder, mas não há constância.
O recorte é até que bem amplo. Tem mais de seis meses, inclui técnicos diferentes, competições diferentes, fases boas e ruins, elencos diferentes, escalações ideais e desfalcadas. E uma variedade de adversários com diversas características, qualidades, fragilidades e contextos.
A comparação com momentos pré-reforma reforça a conclusão. Seja o aproveitamento no Augusto Bauer em 2025 (51%) ou desde a reestreia pós-reforma (49%), o número é inferior, por exemplo, aos dos aproveitamentos que o Brusque teve no Augusto Bauer no recorte de cada temporada desde 2013 (sempre acima de 54%).
Recentemente
E nesta Série C, os números (principalmente os mais recentes) puxam o balanço para baixo após uma sequência positiva. O Brusque acumula três jogos sem vencer no Augusto Bauer. É um momento na casa reformada que só não é pior que as três derrotas seguidas na reta final da Série B de 2024.
Preocupa também o fato de que o Brusque só fez quatro gols em casa no campeonato. São dois em escanteios contra Guarani e Ypiranga; um contra o São Bernardo, de Diego Mathias, de fora da área; e o gol contra do Retrô. Nada mais.
Lenda
E é curioso ver como o papo de ter gramado sintético como vantagem não se aplica necessariamente na materialidade. Muito se falava (como se fosse óbvio) sobre como o Brusque poderia ter vantagem no gramado sintético, com conhecimento e treinamento no local, enquanto adversários não têm este convívio. Mas em muitos jogos, o que se viu no campo surrado, sobrecarregado e carente de manutenção foi o adversário se dando melhor.
Por outro lado, assim como o Brusque ressuscita alguns de seus adversários na Série C, poderá usar suas habilidades necromantes para ressuscitar também, de alguma forma e em algum momento, o “fator casa”. Quanto mais rápido, melhor.
Instável
Trés das cinco derrotas na competição foram sofridas no Augusto Bauer, sempre contra adversários em maus momentos ou com jejuns de gols ou de vitórias. O ABC não vencia há seis jogos; o inconstante Figueirense não vencia fora de Florianópolis desde o ano passado; e a fase terrível do Retrô até bater o Brusque já foi detalhada.
Some estas derrotas em casa com os 4 a 1 que o Brusque levou do então lanterna Confiança em Aracaju e perceba como estas coincidências tornam o Brusque na Série C um time irregular. Um time com tendência a perder oportunidades.
Assista agora mesmo!
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