Brasil freia crescimento de cruzeiros e perde navios na próxima temporada

De novembro a abril, a última temporada levou navios de cruzeiros a dezenas de cidades brasileiras e sul-americanas, incluindo Itajaí, Santos, Rio de Janeiro, Salvador, Maceió e Paranaguá

Presidente da CLIA Brasil, Marco Ferraz, apresentou os números da temporada – Foto: Divulgação/CLIA/ND

A temporada 2024/2025 de cruzeiros marítimos deixou números expressivos: 838.096 cruzeiristas embarcados, movimentação econômica de R$ 5,43 bilhões e geração de R$ 577,4 milhões em tributos. Apesar desses resultados, que mantêm o setor como uma das principais engrenagens do turismo brasileiro, o cenário para 2025/2026 é de preocupação.

Segundo a CLIA Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos), a nova temporada, que começa em outubro de 2025, terá apenas sete navios de cabotagem, dois a menos do que no ciclo anterior. A redução representa uma queda de 19,5% na oferta de leitos, totalizando 674,6 mil, e deve resultar em impactos econômicos e sociais próximos de 20%.

O presidente da CLIA, Marco Ferraz, não escondeu a frustração diante da retração. Para ele, a perda de dois navios não se deve à falta de interesse do público, mas sim a entraves que o Brasil insiste em não superar.

“Nós precisamos urgentemente melhorar nossa infraestrutura, reduzir custos portuários e trabalhistas, garantir segurança jurídica e atualizar nossa regulação. Hoje, nossos gargalos tornam o país menos competitivo e levam companhias a priorizar destinos vizinhos”, afirmou durante o 7º Fórum CLIA Brasil 2025, em Brasília, onde foi apresentado o estudo de impactos elaborado pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Dificuldades enfrentadas pelo setor de cruzeiros

Ferraz destacou ainda que os efeitos da redução atingem não apenas o setor de cruzeiros, mas também comunidades inteiras que dependem do turismo. “Dói para todo mundo: dói para os portos, para as cidades, para os destinos e para os hóspedes, que terão menos opções. A temporada 2024/2025 provou o potencial do setor, mas sem mudanças estruturais não conseguiremos repetir esse desempenho”, disse.

Ele comparou as dificuldades enfrentadas pelo setor de cruzeiros às de outras áreas estratégicas da economia, como a aviação, que também sofre com custos altos e regulações desalinhadas ao mercado internacional.

“Temos que entender que o Brasil concorre com outros destinos. As matrizes das companhias olham para onde há mais competitividade. Se o plano de negócios que mostra o potencial do Brasil não for sustentável, ele se perde. E nós não podemos permitir que isso aconteça”, alertou.

Lideranças do setor de cruzeiros demonstraram preocupação com a redução - Foto: Divulgação/CLIA/NDLideranças do setor demonstraram preocupação com a redução – Foto: Divulgação/CLIA/ND

Apesar do tom de advertência, o presidente da CLIA demonstrou otimismo ao citar reuniões recentes com o Ministério de Portos e Aeroportos, que indicam abertura para discutir soluções.

“É urgente que setor público e privado caminhem juntos. O Brasil tem tudo para ser um dos maiores destinos de cruzeiros do mundo, mas precisa dar condições para isso. Estamos dispostos a contribuir com dados, estudos e experiências para construir políticas sólidas”, completou.

De novembro a abril, a última temporada levou navios a dezenas de cidades brasileiras e sul-americanas, incluindo Itajaí, Santos, Rio de Janeiro, Salvador, Maceió e Paranaguá, além de escalas em Buenos Aires, Montevidéu e Punta del Este.

O impacto médio por passageiro de cruzeiros chegou a R$ 709,47 nas cidades de escala e R$ 918,15 nas de embarque e desembarque, confirmando o efeito multiplicador da atividade no comércio, na hotelaria e nos serviços locais.

O desafio agora é garantir que esses benefícios não se percam com a retração já confirmada para 2025/2026.

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