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Trevo da Amizade completa 40 anos de companheirismo e bolão

Cada tarde de quinta-feira no Clube de Caça e Tiro Araújo Brusque é um resgate de um esporte esquecido: o bolão. A modalidade, de origem germânica, é muito próxima do boliche, e foi uma febre em Brusque entre os anos 60 e 80. Hoje, o grupo Trevo da Amizade é o mais antigo, mantendo o esporte vivo na cidade. E há 40 anos, tem no Caça e Tiro sua casa e sua cancha.

Era 12 de abril de 1985, e um trio formado por Erica Tottene, Erika Crews e Edith Aviz de Oliveira criou o Trevo da Amizade, nome em referência ao número de amigas. Nos primeiros meses, a equipe jogava na cancha da Sociedade Esportiva Beneficente. Mas pouco depois, em setembro do mesmo ano, se transferiu para o Caça e Tiro, onde está até hoje.

Ao longo das décadas, outras jogadoras eram incluídas no grupo, sempre na base da amizade. Foram disputados diversos amistosos com equipes de Blumenau, Pomerode, Joinville, Itajaí, Barra Velha, entre outros municípios, tanto dentro como fora de casa. Nos momentos de alta do bolão, o Trevo da Amizade disputava torneios internos no Caça e Tiro e também representava o clube em competições com outras agremiações de Brusque. Torneios de casais também eram um sucesso entre os bolonistas e entusiastas.

Trevo da Amizade Bolão Brusque
O Trevo da Amizade em 2002; foto está na galeria da cancha do Caça e Tiro | Foto: CCT Araújo Brusque/Reprodução

Roseli Debatin Campi, a Rose, é a atual presidente do Trevo da Amizade. Ela começou a trabalhar no Caça e Tiro na década de 90, tendo um restaurante no clube e participando da realização de eventos. “Eu conheço este grupo há 30 anos. Inclusive, era eu que servia o café da tarde para elas”, relata. E desde 2017, Rose é parte oficial do grupo.

O café da tarde é uma das tradições do grupo. Toda quinta-feira, às 14h, cerca de 10 a 20 integrantes vão se encontrar nas canchas de bolão. Muitas vão para jogar, mas outras, principalmente as mais idosas, já deixaram a prática. Vão para conversar com as amigas e assistir às partidas. Ao todo, são 23 membros, com muitas ultrapassando os 70 anos.

Após o bolão, o farto café da tarde é obrigatório às 15h, geralmente seguido de algumas partidinhas de bingo para quem estiver interessada. Os encontros costumam terminar por volta das 17h30.

Confira abaixo a jogada de Maria Suzete de Oliveira:

Mas não é apenas de encontros no Caça e Tiro que o Trevo da Amizade vive. O grupo voltou a fazer diversas viagens para jogar nos municípios próximos. Geralmente, são dias do final de semana, com saídas de ônibus ainda pela manhã, enfrentando um time local. Estas “excursões” são pagas pelo próprio grupo de amigas, com uma mensalidade por integrante.

“Por exemplo, se vamos a Joinville, saímos às 7h, e vamos jogar à tarde. Mas de manhã, eu já organizo para a gente passear pela cidade. Pesquiso os eventos, as feiras, vejo se é bom para elas, para ir com calma. Vamos ao festival de dança, elas têm lugar para sentar e assistir. Elas adoram uma feirinha também.”

“Aí entre 13h30 e 14h a gente joga na Sociedade Glória contra elas. Geralmente vai até uma 17h, tomamos um café e voltamos”, explica Rose. Em outras ocasiões, são os times de fora que vêm jogar com o Trevo da Amizade, fazendo programações semelhantes em Brusque.

Recentemente, o Trevo também tem criado uma nova tradição: a de parar para beber um chopp no caminho de volta ou já em Brusque. “Já procuro onde tem alguma promoção de chopp em dobro, para facilitar.”

Trevo da Amizade bolão bingo
Após o bolão e o café, a tarde é encerrada com bingo | Foto: João Vítor Roberge/O Município

Resistindo

A pandemia de Covid-19, segundo relatam as bolonistas do Trevo da Amizade, causou grande perda também na prática do bolão. É o único grupo feminino que se mantém no esporte dentro do Caça e Tiro, e o mais antigo em atividade.

Mas a moda do fim do Século XX, com diversos torneios internos e interclubes, já vinha perdendo espaço desde muito antes, com menos canchas e menos jogadores. Ainda assim, grupos como o Trevo da Amizade mantêm o bolão vivo, e o esporte permanece nos calendários de competições municipais, como os Jogos Comunitários de Brusque, e nos eventos da Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte).

cancha bolão Brusque
Clubes como o Paysandú investiam na abertura de canchas de bolão, como mostra destaque na capa de O Município, em março de 1981 | Imagem: O Município/Reprodução

“Após a pandemia, outros grupos de bolão tinham senhoras mais jovens, havia outros grupos que poderiam ter voltado, mas não voltaram. E nosso grupo conseguiu voltar e se manter”, relata Rose.

O Trevo da Amizade, que teve diferentes formações ao longo dos 40 anos, quer não apenas continuar sua história, mas também que o bolão seja renovado com novas gerações de jogadores e treinadores. Hoje, conta com o apoio mais presente da diretoria do Caça e Tiro para sua preservação.

Amizade e terapia

Luzia Sgrott é uma das integrantes mais recentes do Trevo da Amizade. “Hoje eu consegui ficar sem jogar nenhuma bola fora, Porque a dona Valda, que é uma das mais velhas, me ensinou. Eu sou canhota, mas eu estou jogando com a direita. E estou adorando.”

O bolão e a presença do grupo são mais que prática esportiva. “Para a cabeça, é uma terapia. Perdi meu marido por um câncer, então, isso aqui, além de ser esporte, também é terapia. Acho que para todas elas também. “Se eu tô aqui em pé hoje é por causa delas também”, comenta.

“Ela joga um pouquinho mal, porque ela não presta atenção”, brinca a tia de Luzia, Risolete Schlindwein. “Mas hoje ela fez um sete [derrubou sete pinos]!

“Ô, tia Lete, é a segunda vez que eu jogo. Tô começando!”, responde Luzia, com bom humor.

O bolão

Quem ver uma partida de bolão pela primeira vez vai identificar o esporte como um parente do boliche. O objetivo é jogar uma bola sobre uma pista de madeira para que ela derrube nove pinos posicionados ao final da pista. O esporte é tradicional em municípios com imigração alemã no Sul do Brasil.

Geralmente, uma partida disputada pelo Trevo da Amizade tem quatro pistas. Cada jogadora arremessa cinco bolas por pista, uma por jogadoraa, além de um arremesso de experiência, que pode ser descartado na pontuação. Um dos grandes momentos é quando uma jogadora consegue 180 pontos, derrubando os nove pinos em todas as suas jogadas (cinco vezes os nove pinos em cada uma das quatro pistas).

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Derrubar os nove pinos requer técnica e conhecimento da pista | Foto: João Vítor Roberge/O Município

Uma das fundadoras do Trevo da Amizade, Erika Crews, já não joga mais, mas era uma exímia bolonista. E guarda na memória as partidas em que marcou os 180 pontos. “Em Brusque, eu comecei a jogar no Clube Esportivo Paysandú. De lá, fomos para o Carlos Renaux. Lá eu fiz 180. No Beneficente, também. E aqui [no Caça e Tiro] tenho uma medalha de 180”, relata.

Para o arremesso perfeito, existe uma questão técnica. O ideal é tentar acertar a bola com força e jeito certos, para que ela passe entre fileiras dos pinos. Diversos fatores podem influenciar no jogo, como as condições da pista, o peso da bola e a umidade.

Existem duas variações do esporte: o bolão 16 (com bola de 16cm de diâmetro, sem furos) e bolão 23 (com bola de 23cm de diâmetro, com furos). As bolas costumam pesar entre 7,5kg e 12kg.

O elenco do Trevo da Amizade

Ana Patrícia Vinotti, Betina Benvenutti, Cecília Luchini, Cecília Campi, Claudinice Sgrott, Erika Crews, Judite Bernardi, Luzia Sgrott, Maria Bernardete de Aviz, Maria Suzete de Oliveira, Maria Helena Cervi, Marlene Campi, Martha Mafra, Maura Cervi, Meire Knihs, Mirna Campi, Noelci dos Santos, Olga Koshnik, Risolete Schlindwein, Roseli Campi, Rosita Horner, Terezinha Becher, Valda Müller.

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Cancha do Caça e Tiro foi inaugurada em 1966 | Foto: João Vítor Roberge/O Município

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