Ao proferir o voto no julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras sete pessoas, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), relembrou o momento em que pediu a antecipação da diplomação de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022.
Inicialmente, a previsão era que Lula, então presidente eleito, fosse diplomado no dia 19 de dezembro de 2022, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A cerimônia, no entanto, foi antecipada para 12 de dezembro.
“Nós sabemos o que foi viver o tempo todo com o ruído debaixo dos pés. Eu mesma pedi, inclusive, a antecipação da diplomação do presidente [Lula], marcada inicialmente para o dia 19, que é o último dia da diplomação”, disse a ministra.
Ela acrescentou: “eu comentei com o ministro Alexandre [de Moraes], realmente houve a passagem para o dia 12 porque havia alguma coisa que eu não entendia muito bem, que as pessoas não entendiam, mas que não parecia que estava todo mundo acolhendo tranquilamente, embora não houvesse nada formalizado, porque não se formaliza golpe”.
Ao falar sobre o clima de tensão em Brasília, a magistrada relembrou os atos do 8 de Janeiro. “Se eu desenrolar do dia 8 para trás: as pessoas por acaso vieram mesmo para uma Festa da Selma?”, questionou.
Segundo as investigações da Polícia Federal, o termo “Selma” é em alusão a “selva – expressão usada por militares brasileiros – e foi um dos códigos usados por bolsonaristas para combinar as últimas etapas de invasão da Praça dos Três Poderes.
“Na véspera [do 8 de Janeiro], no sábado, a ministra Rosa Weber, que estava aqui na presidência [do STF], disse que estava muitíssimo preocupada, telefonando sem parar para as autoridades porque se preocupava com a chegada de caminhões e de ônibus chegando em um domingo do início do mês de janeiro em Brasília e indo exatamente para o mesmo lugar”, revelou.
